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Páscoa de Ir. Adelina Linke *11/11/1934 +30/01/2019

08/02/2019

Adelina Linke, filha de Erico Linke e Margarida Linke nasceu no dia 11 de novembro de 1934, em Corupá/SC, e era a 2ª entre as duas filhas do casal.
Seus pais, do interior, de condição humilde, possuíam uma riqueza espiritual muito grande forjada na fé e na luta do dia a dia. Este tesouro espiritual, eles o transmitiram para suas filhas e Adelina, sentindo-se chamada para uma vida de maior união com Deus e doação aos irmãos procurou buscou seguir os passos de Jesus na vida consagrada.
Iniciou o Aspirantado no dia 12 de 06/1951, com 17 anos de idade. Em 1952 fez o Postulantado e iniciou o Noviciado no dia 02/021953. Fez os Votos temporários no dia 09/02/1955 e os Votos Perpétuos em 02/02/1961.
Teve a graça de celebrar os Jubileus de: 25,40,50 e 60 anos de Vida Religiosa. No próximo dia 09 completaria 64 anos de consagração a Deus.
Irmã Adelina trabalhou inicialmente em serviços de enfermagem: Em Blumenau, na Secção Infantil por duas vezes, em Angelina, no Internato; em Ituporanga esteve duas vezes no serviço de Auxiliar de Farmácia e contabilidade. Em Witmarsum também trabalhou na Farmácia; em Dom Joaquim/Brusque, em serviço doméstico e estudo e, por fim, em Barreiros – no Economato da Província, de onde foi para Ituporanga para cuidados de saúde.
Sobre a sua vocação religiosa e sobre a mística de sua caminhada espiritual ela mesma nos deixou escrito, o que transcrevemos a seguir:
“A minha Vocação Religiosa é quase uma história de amor. Sentia-me profundamente atraída pelo Senhor. Fazia grandes sacrifícios para me encontrar intimamente com Ele. Não hesitava em caminhar oito quilômetros de ida e de volta para participar da Santa Missa e comungar o Cristo Eucarístico quase todos os domingos e dias santos.
Inicialmente não estava nada claro para mim. Certo dia quando estava sentada em um galho de árvore contemplando o revoar das andorinhas senti um forte apelo de me entregar toda ao serviço do Senhor. Mas ainda estava tudo muito confuso. Foi quando decidi falar com a Irmã Gonzaga, sobre o que é ser religiosa. Com suas explicações não tive mais dúvidas, queria ser religiosa para ser toda do Senhor. Levei a minha decisão a meus pais. Foi aí que começou a minha primeira luta interior entre o amor ao Senhor e o amor filial, pois via que estava impondo aos meus queridos pais e à minha única irmã, um grande sacrifício. Após muita oração e sofrimento, com Sua graça venceu o Senhor. E, assim, entre soluços e abraços, deixei a casa paterna no dia 12 de junho de 1951.
A minha mãe me levou para o Colégio em Florianópolis e me entregou à Madre Provincial que, na época, era a Madre Chantal. Estava acompanhada de sua assistente Irmã Ancilla. Esta me fez a seguinte observação: ‘Minha filha estás indo para o Convento. Não deves pensar que vais encontrar Anjos, mas vais encontrar pessoas humanas com defeitos e falhas’. No mesmo dia viajamos a Angelina. Fui entregue à Irmã Catarina, então Mestra das aspirantes. Irmã Catarina acolhia todas com amor de mãe e com muita paciência ajudava as aspirantes a se adaptarem ao novo estilo de vida.
No dia 04 de fevereiro de 1952, junto com mais 5 colegas, fui admitida ao Postulantado e fomos introduzidas na clausura, sob o cuidado de Irmã Evarista, nossa mestra que, mais com o exemplo do que com palavras, nos ensinou a sermos Franciscanas de São José. Após um Retiro espiritual, que foi o primeiro da minha vida, no dia 02/02/1953 fui admitida ao Noviciado. Durante a Santa Missa, celebrada por Dom Joaquim Domingues de Oliveira, recebi o traje religioso de Noviça. O que mais me marcou foi quando o Bispo me disse que deveria despojar-me do homem velho e revestir-me de Jesus Cristo.
No dia 09 de fevereiro de1955 concretizou-se o meu grande desejo de me entregar totalmente ao Senhor pelos primeiros Votos, que, para mim, já foi a entrega definitiva. É indescritível o que foi este dia para mim. Em 02 de fevereiro de1961 emiti os Votos Perpétuos, reafirmando ao Senhor a minha entrega total a Ele.
Após a primeira profissão permaneci em Angelina por 07 meses, trabalhando no Internato como ajudante da Irmã Adélia. Transferida para a Fraternidade Santo Antônio, onde, começou outro estagio, o estágio da cruz e sofrimento causado por uma doença de ossos, sem diagnóstico definido. Por causa desta doença fui levada a várias Fraternidades para fazer tratamentos e cirurgia.
Neste período, que vai até hoje, fiz várias experiências de cruz que, também foram sempre horas de graças. A sensível intimidade com o Senhor e sua Santa Mãe, através de constante oração, foram fontes das quais hauria forças e paz.
Não cheguei a fazer nada do que gostaria de ter feito. Sempre só pude exercer os trabalhos que os limites me permitiam fazer. Quando a situação me obrigava ao repouso absoluto me ocupava em aprender e fazer trabalhos manuais. Após a primeira cirurgia, enquanto conseguia caminhar melhor, trabalhava como ajudante de Irmã Regina na farmácia. Depois de uns anos o problema se agravou. A então Madre Provincial, Irmã Elisa, achou por bem que eu pudesse ajudar a Congregação, também com trabalhos, que deveria terminar o primeiro grau e depois o curso de contador. Para essa finalidade fui transferida para a Fraternidade Santa Catarina, em Dom Joaquim, Brusque/SC, onde conclui o primeiro grau e depois faria o curso de contabilidade. Com a morte de Irmã Elisa o plano de estudar não se realizou. Mas mesmo sem curso, com muito esforço e o carinho e dedicação das Irmãs, aprendi o necessário para auxiliar nestes serviços, principalmente na parte contábil.
Após o jubileu de 40 anos de Vida Religiosa foi como se o Senhor me levasse ao deserto, onde experimentei a noite escura em todos os sentidos. Total abandono por Ele, sem sentir nada de sua doce e amorosa intimidade, sobrando apenas o querer e o lutar. Grande sofrimento físico advindo de uma terceira cirurgia de ossos, da qual resultou uma tendinite aguda. Sem praticamente nada dormir durante seis meses e, como consequência, fiquei muito debilitada, sensível e agressiva. Tive grande dificuldade para manter um autodomínio sobre minhas emoções. Apareceu também uma doença no aparelho digestivo, uma diverticulose generalizada. O Senhor, com certeza foi o meu refúgio, o esposo, o confidente e só Nele é que minha alma encontrava repouso.
Com certeza tudo isso serviu para aniquilar o meu eu e para me ajudar a me libertar das amarras que me atrapalham na busca da intimidade com o meu Senhor e Esposo e no serviço aos irmãos e irmãs.
Em julho de 2004 tive que me submeter à outra cirurgia, com sequelas que, certamente, não terão mais solução. O limite físico aumentou e já não consigo me locomover como gostaria. Tenho que me aceitar no depender em parte dos outros. O constante desconforto da dor persistente não permite um repouso tranquilo e reparador. Como consequência, preciso de um constante controle principalmente no convívio fraterno.
Louvo o Senhor por ter tido a dita de viver a virada deste século e principalmente por poder acompanhar a trajetória dos últimos anos do Papa João Paulo II que, com seus escritos e com a sua vida, mostrou a todos a eficácia do sofrimento.
Devo, pois, dizer que, com tudo o que já passei e vivi, nosso Senhor sempre deu um jeitinho de podar todas as minhas vontades e gostos. Tive que aprender a amar e gostar, por causa Dele, dos trabalhos que ainda podia fazer.
Ao Deus Uno e Trino, o Louvor e Ação de Graças pelo Dom da Vida, o Dom da Vocação, pelas graças e bênçãos recebidas a e por tudo o que passou.
À Congregação, que me acolheu, às minhas Mestras e Superioras, e a todas as coirmãs que me ajudaram a caminhar no seguimento de Jesus Cristo, a minha profunda gratidão.”
Depois deste relato de uma vida tão humanamente semelhante a Cristo crucificado, sentimo-nos imensamente agradecidas à Irmã Adelina, pelo heroico testemunho de fé, e de vida sacrificada e doada, a serviço do Evangelho, na Congregação. Agora, na sua proximidade com o Senhor que tanto amou, ela interceda por todas nós que anda caminhamos na busca da vontade de Nosso Senhor, Jesus Cristo.
“Serva boa e fiel, entra no Reino
do Teu Senhor”.

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